domingo, 14 de agosto de 2011

Dose certa

Maturidade e racionalidade deviam ser produtos enlatados e vendidos em qualquer mercearia de bairro. Ou podiam ser em cápsulas a fim de servir como
tratamento para pessoas mais resistente às mudanças, para que tomassem sob prescrição médica – se eu fosse pediatra recomendaria para a faixa masculina da sociedade. E devo retificar que orgulho não é maturidade - aliás, é uma demonstração eloquente da imaturidade desse indivíduo. A convivência seria deveras mais simples e as decisões seriam tomadas com mais facilidade. Aceitando a condição utópica da minha proposta, fico lisonjeada ao me deparar com alguém maduro.
Nada é mais infantil que “bater pezinho” por qualquer motivo: amores, consumo ou promoções no trabalho. Mostrar que é interessante, centrado e capaz é de maior valia que espernear como um bebê. Saiba que nem seu companheiro ou chefe querem uma criança pra cuidar. Se imagine sendo atormentado por um cara que te liga trinta vezes ao dia pra dizer que te quer; nas 3 primeiras vezes é bonitinho mas você não é o boneco de ação da loja de brinquedos (aquele que você dá de presente só para o filhinho parar de te aporrinhar). Chato, né? Pois, então, se aquele cara te dispensou, siga em frente. Ele tá longe de ser o seu Ken, Barbie...
Saber discernir a hora que as coisas devem mudar é maduro. Há quem diga que é conformidade ou até indiferença (principalmente nas relações afetuosas), mas não é bem assim... É preciso aceitar que as coisas devem evoluir, que o mundo dá voltas e todos os outros clichês que expressam a importância de reciclar as ideias, os sentimentos e as atitudes. Não é difícil achar um exemplo mais palpável: não é porque você doou aquele vestido lindo e que cabia perfeitamente, que você não gostava dele. Pode ser uma peça de roupa inutilizada na sua vida, mas com uma carga de lembranças útil para a memória
tão somente. Isso vale para os sentimentos.
De forma alguma quero afirmar que não se deve sofrer por nada ou por ninguém. Pelo contrário, afirmo, por experiência própria, que este é um caminho bastante comum de alcançar tal maturidade. O choro é bom pra lavar a alma e costuma ser finalizado por um belo sorriso, e daqueles sinceros, de libertação do que fez sofrer. “Ser gente grande pra poder chorar”, já disse Lulu Santos. O melhor lugar que o orgulho pode estar é ao seu lado, pois te ajuda na caminhada e se você parar, ele te puxa. Maturidade é bem mais que a idade adulta, bem mais que pensar antes de agir. É expressar com clareza o que sente, o que pensa; querer por que sabe que pode. Não porque acha que deve.

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